quinta-feira, abril 03, 2008

Projeto polêmico envolve as empresas Bunge e Yara em Anitápolis/SC

O governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) assinou nessa segunda-feira um protocolo de intenções entre governo do Estado e as multinacionais Bunge e Yara Brasil. As empresas investirão R$ 550 milhões na construção de uma fábrica de fertilizantes e exploração de fosfato em Anitápolis na Grande Florianópolis/SC.

Por estarmos acompanhando de perto e com muita atenção, podemos afirmar que o projeto é bastante polêmico e encontra forte resistência da comunidade local, o que não é noticiado pela imprensa comum.

A audiência pública realizada pelo consórcio foi muito conturbada e com pouco dados reais apresentados. Além disso, somente parte da população foi convidada e foram feitas reuniões excepcionais somente com integrantes do comércio da região, com a promessa de emprego e lucratividade aos estabelecimentos da cidade, causando indignação da população preterida.

Anitápolis fica na serra de Santa Catarina e possui aproximadamente 3200 habitantes. Com a implementação desse projeto, a população saltaria para 5500 habitantes, praticamente dobrando a ocupação da cidade, causando assim, uma forte descaracterização da cultura local.

Segundo o site do projeto, os principais impactos serão:

- Aumento do número de caminhões em uma estrada que hoje ainda é de terra batida. A promessa é asfaltar tudo;

- Aumento da população e consequentemente das necessidades básicas como saúde, educação, serviços, transporte e segurança;

- Investimento a curto prazo, deixando a cidade órfã após os 33 anos previstos para exploração das minas de fosfato.

O projeto está em fase de licenciamento ambiental. O curioso é que em projetos de mineração, esse licenciamento deveria ser realizado pelo órgão federal, pois é de competência exclusiva da União. No entanto, o licenciamento ambiental está sendo realizado pelo órgão estadual, no caso, a FATMA.

Outro fator relevante é a vontade dos produtores de tornar a região certificada na produção de orgânicos, o que vai totalmente contra a filosofia do projeto.

Estaremos acompanhando de perto a situação e tomando as medidas judiciais cabíveis para que o empreendimento, caso seja aprovado, tenha o apoio da população, seja transparente e honesto em relação as suas pretensões e impactos sócio-ambientais causados.