quarta-feira, junho 18, 2008

Princípios do Equador devem incentivar a responsabilidade social dos bancos

Por Fátima Cardoso, para o Instituto Ethos

Em 2003, o Banco Mundial, o International Finance Corporation (IFC) e um grupo de bancos privados lançaram os Princípios do Equador, um conjunto de critérios socioambientais usados na avaliação de crédito a projetos de infra-estrutura com valor acima de U$ 10 milhões. Os critérios são baseados nos padrões ambientais do Banco Mundial e nas políticas sociais do IFC. Cinco anos depois, 60 instituições financeiras do mundo todo já aderiam - voluntariamente - aos Princípios do Equador, algumas delas brasileiras ou com atividades no Brasil: Bradesco, Banco do Brasil, Banco Itaú, Banco Real (como parte do ABN-Amro), HSBC e Unibanco.

No início de maio, a reunião anual das instituições financeiras dos Princípios do Equador, realizada em Washington, nos Estados Unidos, comemorou o aniversário e o sucesso da iniciativa. Cristiane Ronza, especialista em risco socioambiental da área de Risco Socioambiental do Banco Real, esteve lá e avalia nesta entrevista o impacto dos Princípios do Equador nas instituições financeiras - que, para ela, deve ir além do financiamento de grandes projetos e inspirar políticas internas de sustentabilidade.


Instituto Ethos: Em maio, foram comemorados cinco anos dos Princípios do Equador. Qual a avaliação que se faz hoje? Eles deram certo, foram de fato adotados pelos bancos e estão influenciando o financiamento de projetos em vários países do mundo?

Cristiane Ronza: Sim, a avaliação é super positiva. No dia da celebração, em Washington, alguns convidados, que estavam na reunião dos bancos em que foram lançados os Princípios, deram depoimentos nesse sentido. Na época, pensava-se que teríamos no máximo 30 bancos signatários até 2015. E hoje temos 60 instituições financeiras signatárias, inclusive públicas, e com a adesão de um banco chinês, de um africano, de bancos da maioria dos países emergentes e do Oriente Médio, que estão chegando agora. Os Princípios estão de fato influenciando as políticas de sustentabilidade dos bancos na maioria dos casos. E ainda há um caminho a percorrer na influência dos bancos signatários no desenvolvimento de projetos de grande porte em países emergentes.


IE: Que caminho seria esse?

CR: O que fazemos hoje é análise de projetos sob o guarda-chuva dos padrões das melhores práticas socioambientais do Banco Mundial. Aplicamos isso quando se faz análise de financiamento de um projeto de infra-estrutura - de uma hidrelétrica aqui no Brasil, por exemplo. Vemos a conformidade de todo o processo de avaliação do projeto à luz das melhores práticas e verificamos se há algum descompasso ou não. O desafio que ainda temos de percorrer, e que vale para todos os bancos, é o seguinte: se há algum aspecto de um projeto que não esteja em conformidade com algum princípio ou com algum padrão de performance do Banco Mundial, é nosso papel influenciar o cliente. O grupo de bancos que vão financiar devem ajudar o cliente a alterar algum aspecto do projeto para que esteja em conformidade com os Princípios do Equador. Às vezes há casos em que o banco ou o conjunto de bancos financiadores declinam desse investimento por não conseguir influenciar o cliente. Hoje é fácil declinar um projeto controverso, ou que potencialmente gere conflitos, ou em que haja o risco de crédito ou de reputação. O desafio é não declinar e eventualmente contribuir para melhorar o projeto.

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Fonte: Envolverde Revista Digital