segunda-feira, julho 14, 2008

Em se investindo

Coluna da Miriam Leitão publicada no Globo Online.

"O Brasil tem tudo, até dói", disse-me em seu português lusitano o diretor-presidente da Energias do Brasil, António Pita de Abreu. Inevitável não lembrar a carta de Pero Vaz de Caminha. Em se plantando, em se investindo, o Brasil pode ter todo tipo de energia. "O Brasil tem vento bom, tem sol, tem rios e riozinhos em todo o país, tem gás natural, biomassa da cana-de-açúcar, tem até urânio."

Pita acha que o Brasil deveria diversificar e estar aberto à exploração de todo o tipo de energia; preferencialmente as limpas. A empresa tem uma participação numa termelétrica a carvão no Ceará, mas o empresário confessa:

— Carvão tem que ser sempre residual, nós não temos interesse, buscamos fontes mais limpas, e o carvão no Brasil é de péssima qualidade.

Bom, nem tudo o país tem, mas o que ele não tem de boa qualidade não é o adequado nestes tempos de buscar uma energia de baixo carbono. Perguntei a Pita o que é um "vento bom".

— O vento do Brasil venta numa direção só; por isso é mais fácil instalar usinas eólicas. Na Europa, o vento vem em várias direções, e é preciso fazer assim (retorce as mãos) para utilizar a força do vento. O potencial eólico do Brasil é de 143 mil megawatts, isso é dez itaipus, mas o Brasil só produz 243 MW de eólica. Nós temos usina eólica em Santa Catarina, que produz apenas 14 MW e pode chegar a 70 MW. Gostaríamos de investir muito mais, se houvesse interesse.

O que impede o avanço, além da óbvia má vontade das autoridades energéticas do Brasil com qualquer coisa que não sejam as grandes barragens na Amazônia ou as termelétricas a combustível fóssil, é um círculo vicioso que aprisiona o vento.

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