segunda-feira, setembro 14, 2009

Japão estuda construir central de energia solar no espaço

O Japão, país que, apesar de não ter muitos recursos naturais, ocupa a dianteira no desenvolvimento de tecnologia de ponta, planeja construir uma central solar espacial para enviar energia à Terra através de raios laser ou micro-ondas.

Ao fim de uma licitação lançada neste semestre, o Estado japonês escolheu esta semana as empresas e organismos que deverão desenvolver o dispositivo futurista, que o poder público já chama de essencial.

O objetivo, para 2030, é colocar em órbita geoestacionária (a 36 mil quilômetros da Terra) um artefato equipado com vários painéis fotovoltaicos que transformem a energia solar em eletricidade, com capacidade anual de 5 a 10 vezes superior aos paineis utilizados na Terra.

Esta eletricidade, por sua vez, será transformada em fluxos energéticos transmitidos por raios ou micro-ondas até a Terra, onde serão captados por uma antena parabólica gigante que os transformará novamente em eletricidade.

"Como se trata de uma forma de energia limpa e inesgotável, acreditamos que este sistema pode contribuir para resolver os problemas de insuficiência energética e do aquecimento da Terra devido aos gases causadores do efeito estufa", explicam os pesquisadores da MHI (Mitsubishi Heavy Industries), grupo diversificado especialista em técnicas aeroespaciais.

Ficção científica?

O gigantesco desafio científico e industrial coordenado pela Jaxa (Agência Espacial Japonesa) parece saído da ficção científica, mas o Japão iniciou seus estudos para o projeto em 1998. Ao todo, 130 pesquisadores divididos em grupos de trabalho participam da iniciativa, e este número deve crescer a partir de agora. "A luz do sol é abundante no espaço", destacam.

No dia 1º de setembro, os ministérios da Economia, Comércio e Indústria (METI) e de Ciências e Técnicas (MEXT) confiaram o desenvolvimento do projeto à MHI e ao Instituto de Pesquisa de Dispositivos Espaciais Inabitados, que reúne 17 empresas, entre elas os grupos de eletrônica Mitsubishi Electric, NEC, Fujitsu e Sharp.

De acordo com os planos atuais, haverá várias etapas de desenvolvimento até o lançamento do dispositivo, previsto para 2030.

Primeiro, "um satélite de testes destinado à experimentação da transmissão por micro-ondas deve ser colocado em órbita baixa por um foguete japonês" nos próximos anos, explicou um dos coordenadores do projeto na JAXA, Tatsuhito Fujita.

Depois, os japoneses testarão a possibilidade de uma montagem automatizada no espaço --em órbita conjunta com a ISS, a Estação Espacial Internacional-- das peças para construir uma grande estrutura fotovoltaica flexível com potência de 10 megawatts (MW). Isto está previsto para 2020.

Posteriormente, será colocado em órbita geoestacionária um protótipo com 250 MW de potência, que servirá para testar o conjunto do dispositivo e estudar sua viabilidade financeira.

A missão final consiste em produzir eletricidade a um custo que seja competitivo em relação a outras fontes de energia.

Os pesquisadores têm como principal objetivo desenvolver um sistema definitivo de 1.000 MW, que produziria energia a um custo de 8 ienes (0,085 dólares) por quilowatt/hora, mesmo custo da produção de energia solar na Terra em 2030, e aproximadamente seis vezes menos que o custo atual.

No entanto, até que as tarifas se tornem atraentes, será preciso convencer a população: segundo um estudo da JAXA realizado em 2004 com mil pessoas, a segurança é o primeiro motivo de preocupação em relação ao projeto, e palavras como "laser" e "micro-ondas" provocam medo.

Fonte: Folha online

quinta-feira, setembro 10, 2009

Bélgica terá primeiro parque eólico marinho na Europa

O parque eólico marinho de Thorntonbank, que terá 60 turbinas, com uma potência instalada de 300 megawatts, a 30 quilômetros do litoral belga, será referência no setor e terá características únicas na Europa.

"Pela primeira vez na Europa, contamos com turbinas de vento de 5 megawatts (MW) cada, afastadas 30 quilômetros do litoral e instaladas a mais de 35 metros de profundidade", segundo Filip Martens, executivo-chefe da C-Power, empresa que administra o projeto.

Em sua fase piloto, em junho, os seis primeiros geradores foram instalados e "já funcionam perfeitamente", informou Martens, durante a apresentação do parque à imprensa.

O custo nesta etapa chega a 150 milhões de euros e inclui, além das seis primeiras turbinas, o cabo que transporta a energia desde os moinhos até Ostende, a cidade belga mais próxima.

Mas o objetivo é instalar um total de 60 turbinas, que gerarão 1 terawatt/hora (TWh), equivalente ao consumo de 600 mil pessoas.

Segundo os cálculos da C-Power, para isso, serão necessários 900 milhões de euros, um investimento que está previsto para ser pago depois de 12 anos da entrada em funcionamento do parque eólico.

A principal vantagem deste tipo de plantas eólicas, frente às localizadas em terra, é a redução do impacto visual e ambiental, embora seus elevados custos de construção e manutenção sejam grandes inconvenientes.

"O vento também é melhor, 22% ou 23% mais rápido que na terra, mas não o suficiente para suprir o custo adicional de estar situado no mar", esclareceu Martens.

Além disso, a cada quatro horas, o centro de controle da planta tem acesso ao boletim meteorológico, já que o tempo condiciona completamente o trabalho em um parque com estas características.

"Na realidade, o grande desafio é trabalhar com a climatologia", afirmou Martens.

Fonte: Folha online

quarta-feira, setembro 09, 2009

Agência da ONU aumenta previsão de uso de energia nuclear

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) elevou suas projeções para o uso de energia nuclear em 2030, com China, Japão, Índia e Coreia do Sul parecendo abraçar essa fonte energética com entusiasmo ainda maior.

A agência espera que a capacidade nuclear instalada no mundo aumente pelo menos 40% nas próximas duas décadas, chegando a cerca de 510 gigawatts. Em um cenário, essa capacidade pode até dobrar.

Essas projeções são 8% maiores que as estimativas feitas no ano passado para o mesmo período. Os países asiáticos, em particular, ajudaram a puxar o total para cima.

"A crise financeira que começou no fim de 2008 afetou as perspectivas de alguns projetos, mas seu impacto foi diferente em diferentes partes do mundo", diz nota da AIEA.

"Os fatores de médio e longo prazo que estimulam o aumento das expectativas para a energia nuclear não mudaram substancialmente".

A AIEA disse que as preocupações crescentes com o aquecimento global, segurança energética e preço dos combustíveis fósseis ainda são uma boa aposta para o longo prazo.

A agência disse que governos, geradoras de energia e vendedores confirmaram os compromissos com projetos anunciados previamente, o que aumenta a confiança do setor, a despeito da crise financeira.

Um novo acordo de verificação, firmado entre a AIEA e a Índia em agosto de 2008, também aumentou a perspectiva da energia nuclear para o país, visto como um dos maiores consumidores de geração nuclear no futuro.

Fonte: Ambientebrasil

sexta-feira, setembro 04, 2009

Pré-sal sabota biocombustível, afirma francês

A descoberta de petróleo na camada de pré-sal pode se transformar numa "tentação" capaz de levar o Brasil a desacelerar o ritmo com que vem desenvolvendo combustíveis renováveis. A avaliação é do embaixador da França para Negociações Climáticas, Brice Lelonde.

"Petróleo sempre traz muitos problemas porque envolve muito dinheiro. O pré-sal é uma tentação porque, quando você encontra um tesouro, pode mudar sua vida", diz ele, que participou de evento ontem no Rio.

De acordo com Lelonde, o país já vem desempenhando papel de destaque na área de combustíveis renováveis.

Por conta disso, Lelonde diz crer que o Brasil deve desempenhar papel de liderança na conferência do clima de Copenhague, em dezembro.

"O presidente Lula tem mostrado como o Brasil pode desempenhar o papel de líder. Além disso, não podemos nos esquecer que foi no Rio de Janeiro que se assinou um dos mais importantes acordos sobre o assunto", disse, referindo-se à Convenção do Clima.

Questionado se os países ricos deveriam ter metas mais ambiciosas de redução de redução de poluentes do que os pobres, Lelonde declarou: "Os países desenvolvidos devem começar agora, mas isso não quer dizer que se não deva tomar conta do futuro. É importante que cada país faça alguma coisa. Temos que fazer isto juntos."

Fonte: Folha online

terça-feira, setembro 01, 2009

Grupo de cientistas rastreia madeira ilegal a partir de DNA

Quem vende madeira ilegal mundo afora terá de se haver com a biologia molecular. Pesquisadores alemães, em colaboração com brasileiros e cientistas de outros países, estão montando uma espécie de RG genético da madeira de lei. A ideia é apontar com precisão a origem de toras e até móveis, revelando se a matéria-prima foi obtida de forma lícita.

O projeto foi apresentado por Jutta Buschbom, do Instituto de Genética Florestal da Alemanha, durante o 55º Congresso Brasileiro de Genética, que acontece nesta semana em Águas de Lindoia (SP). Uma das primeiras espécies na mira é o mogno (Swietenia macrophylla), árvore amazônica rara que tem comércio controlado.

Buschbom reconhece que seria loucura querer aplicar o conceito para todas as espécies de árvores exploradas hoje, ainda mais levando em conta a grande diversidade de plantas das florestas tropicais.

"Ao menos no começo, vamos nos concentrar em algumas espécies muito visadas e de grande valor comercial", diz ela, citando também a teca (Tectona grandis), do Sudeste Asiático, além de espécies da África Central e das grandes florestas de Europa e Ásia.

Dados apresentados por Buschbom indicam que cerca de metade da madeira do mundo provém de derrubadas clandestinas, gerando um prejuízo anual em torno de R$ 500 bilhões -e um lucro comparável para os madeireiros.

O objetivo é conseguir uma "resolução" refinada das populações de cada espécie de árvore, de maneira que seja possível diferenciar entre o mogno obtido por manejo e a madeira oriunda, digamos, de um desmatamento ilegal a poucas dezenas de quilômetros dali.

A experiência obtida até o momento com a espécie amazônica mostra que isso é possível, diz Alexandre Magno Sebbenn, pesquisador do Instituto Florestal de São Paulo e parceiro da iniciativa alemã.

"Dá para olhar essa escala populacional fina, porque, no caso do mogno, a semente de uma árvore tende a germinar a uns 500 m ou 1.000 m da planta-mãe. Então isso cria populações distintas, cujo parentesco vai diminuindo com a distância", explica Sebenn.

As principais técnicas genéticas testadas pelos pesquisadores envolvem "assinaturas" de DNA típicas de uma dada espécie ou população.

Um tipo de assinatura são os chamados microssatélites --uma "gagueira" do DNA, na qual as "letras" químicas que compõem essa molécula se repetem (GAAAG A-GAAAGA-GAAAGA, e assim vai). Outra assinatura é o SNP, em que ocorre a troca de uma só dessas letrinhas por outra --um C por um T, digamos.

Mas, para os casos em que esses detalhes do DNA não forem suficientes para identificar a origem da madeira, já há um plano B. Bastaria ver a presença de variantes de certos elementos químicos no material --a proporção de dois tipos diferentes de carbono ou de hidrogênio, digamos.

Essa proporção é exclusiva do ambiente onde a planta cresceu, dando, portanto, boas pistas sobre sua origem. "O ideal vai ser a combinação dessas abordagens", diz Buschbom. Aplicando técnicas utilizadas para obter DNA de fósseis, até a madeira processada em fábricas tem chance de ganhar "certidão de nascimento".

Fonte: Folha online